segunda-feira, 12 de maio de 2025

Auxiliar de memória




Leio um artigo sobre fotografia de “eventos”. Aniversários, casamentos, etc.

Começa ele com: “Festa é sinónimo de alegria, descontracção, união, lindas decorações e muitos sorrisos espontâneos, não é mesmo? Mas o que seriam esses momentos se eles não fossem eternizados? Parte fundamental de qualquer evento, a fotografia só tem ganho status com o passar dos anos. É ela a responsável por trazer tudo à tona novamente para ser curtido e compartilhado.”

 

Eu sou fotógrafo. Pelo menos gosto de me pensar assim. Não ganho a vida com ela, mas encho a alma com ela.

Mas uma coisa eu garanto: aquilo que não fica na minha memória do que vivo a cada instante não se torna mais importante por ser fotografado.

Quando precisamos de fazer registo material das vivências para que as não esqueçamos, isso significa que o que vivemos tem pouca importância. Por si mesma ou porque outros acontecimentos vieram relativizar os significados e/ou importâncias.

Indo um pouco mais longe, a futilidade dos dias que correm, o termos que dar importância pública a cada acontecimento ou correndo o risco de sermos menorizados pelos que connosco o viveram, torna-nos ávidos coleccionadores de memórias fosfóricas, relegando bem para segundo plano a capacidade de recordar mais tarde o que não foi registado. A nossa vida, com essa avidez da fotografia de cada instante, acaba por ficar resumida ao que foi fotografado, ao fazermo-nos fotografar, ao que vemos que outros fotografaram. E aquele sorriso lindo mas fugaz, aquele paladar subtil mas inebriante, aquele som que se ergueu no meio da cacofonia ambiente… tudo isso perde importância. Por muito belo que seja. Confiamos a nossa memória ao auxiliar visual do instantâneo, ignorando os instantes significativos que vivemos.

 

Repito que quem escreve estas linhas faz da fotografia um dos alimentos da alma.

 

Pentax K100D, Sigma 400mm 1:5,6


By me

domingo, 11 de maio de 2025

Em trânsito para algures




Num profundo desagrado com o actual estado e rumo da sociedade portuguesa, deixei de parte a minha posição política de activista autónomo, que vai intervindo quando, onde e se o entende, para procurar um grupo de gente realmente interessada em fazer mudanças.
Mudanças na organização e modelo de sociedade, em que a solidariedade e a igualdade não sejam palavras vãs.
Não tenho encontrado.
Os grupos e organizações já existentes, com capacidade de fazer algo, são o que conhecemos, com os resultados que temos sentido.
Os grupos e organizações emergentes, onde tenho vindo a espreitar e tentar contribuir, não procuram mudança ou inversão de rumo mas tão só o conservar uma sociedade burguesa, eivada de classes bem diferenciadas, em que o melhor comentário que se ouve perante alguém que busca alimento nos caixotes do lixo é “Coitado! Teve azar na vida.”
Sobram os chamados “grupos solidários”, cujo objectivo primário, não confesso, é fazer da solidariedade o seu próprio ganha-pão.

Não consigo perceber se sou eu que levo o passo trocado, se são todos os outros. Mas que não acertamos o passo, lá isso não!

Resta-me regressar à minha posição de atirador furtivo, intervindo se, quando, como e onde entendo, esquecendo que a maioria dos que me cerca se preocupa bem mais com o seu umbigo proeminente que com qualquer outra coisa.


By me

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Porquê




O acto de fotografar é hoje quase tão banal quanto o beber um copo de água.

Um pássaro, uma festividade, um acidente, um raio de luz e já está! Saca-se da câmara, como o cowboy da pistola, e dispara-se, perdão, fotografa-se.

O relativamente baixo custo das câmaras digitais, por vezes disfarçadas de telemóveis, e o quase nulo custo do apertar do botão do obturador - que nome se dará nas câmaras digitais? - faz com que talvez se produzam mais fotografias por unidade de tempo que cigarros fumados. Ainda bem!

Há cada vez mais gente a registar aquilo que vê - e por vezes aquilo que sente - o que permite que um maior número de pessoas tenha acesso a uma forma de expressão que os satisfaça.

Mas este facilitismo tecnológico e, porque não, económico, tem as suas desvantagens!

Por um lado, a fragilidade do seu suporte. As imagens apagam-se com enorme facilidade, com um simples delete, para poupar espaço nos arquivos. Ou ainda perdem-se com avarias imprevistas nos discos rígidos ou ópticos, desaparecendo assim o trabalho e a memória colectiva.

Por outro, o custo zero do disparo faz com que os fotógrafos produzam muito mais imagens de um mesmo assunto, cada uma delas menos pensada, ponderada.

“Clic, clic, clic, à velocidade do processamento da memória ou da prontidão do flash. Alguma delas estará boa. Depois logo se verá!”

A aprendizagem, através da “tentativa e erro” é francamente mais lenta. O guardar na memória electrónica daquilo que o sensor vê é feito com muito menos certezas e muito mais por acasos.

Talvez por tudo isto eu seja um pouco “conservador”!

Ainda que, no momento, quase só utilize equipamento digital e, com ele, siga um pouco “na onda” do acima descrito, sinto alguma nostalgia das câmaras clássicas de película. Em particular as de médio e grande formato.

O custo de cada imagem, tanto a nível do original como do laboratório, implicava algum grau de certeza no acto de fotografar. E a complexidade do equipamento e o seu peso e tempo usado antes e depois da tomada de vista eram tais que só se disparava o obturador pela certa. Gastar trinta ou mais minutos numa fotografia para “deitar fora” não é apelativo!

Estas câmaras, e o seu manuseio, tinham implicações - limitações, desvantagens, vantagens? - que nos levavam a pensar o assunto, na sua forma e conteúdo, que nos levavam a estudar a técnica e a estética de cada imagem antes de a fazer. Que nos obrigava a “VER” a imagem, antes de a obter.

Não significa isto que as imagens produzidas por estas câmaras e métodos fossem melhores que as actuais. A qualidade das fotografias - e do trabalho do Homem - não depende da ferramenta mas dele mesmo e do uso que lhes dá!

Mas levava a uma maior disciplina interior que hoje cada vez mais se vê menos.

No caso da fotografia, cada vez mais se vêem imagens que, sendo bastante razoáveis e tendo grande potencial, poderiam ser muito melhores se o fotógrafo tivesse “pensado” e “visto” a imagem antes de a fazer.

O facilitismo e a quantidade nem sempre - ou raras vezes - significam um aumento da qualidade na mesma proporção.

 

E contra mim falo, entenda-se!


By me

terça-feira, 6 de maio de 2025

Oportunidades




Fui enganado. Talvez antes deva dizer enganei-me. Para ser franco: fui no embrulho!

No quiosque onde compro cigarros, demorei-me um pouco mais a ver as capas, ou o que estava visível delas face à quantidade de títulos disponível.

A um canto de um escaparate, dois exemplares de um terço (em boa verdade é um rosário, já que são mais que três as orações correspondentes). Estavam quase que escondidos, mas dei com eles.

O cartão que dava volume ao saco plástico da embalagem dizia, simples e directo, “Terço Papa Francisco”. E a medalha ali aposta, como se vê, a fotografia do defunto papa.

O meu pensamento imediato não teve dúvidas: ainda há dias o homem foi sepultado e já há disto no mercado. São rápidos, caramba! Talvez num esforço antecipado no santificar o pontífice.

Acabei por reduzir o stock a um exemplar.

Em chegando a casa abri o saquinho e observei com atenção. Na parte de trás da medalhinha a referência ao centenário das aparições de Fátima, 1917-2017. E aí percebi tudo.

Há oito anos não venderam toda existência. E aproveitaram a agonia e morte de Francisco para esvaziaram armazéns através de um jornal.

Recordam-se dos vendilhões do templo?

 

Pentax K1 mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5


By me

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Ir ao cheiro




Gostar de uma determinada marca, sem ser fanático, é como ser fã de um músico ou adepto de uma equipa de futebol.

O simples som, cheiro ou vista fazem-nos acordar de alguma letargia e encontrarmos a nossa preferência.

Há algum tempo veio parar-me às mãos o adaptador para fotografia stereo da Pentax. Foi simpático da parte de quem o fez, mas inconsequente. Sem o visor respectivo não se usufrui do efeito 3D.

Este fim de semana fui desafiado para ir a uma feira de antiguidades e velharias. A uns 100 km daqui e de grandes dimensões, aquele certame bi-anual promete sempre algumas surpresas.

Fui, mas convicto de pouco ir encontrar relacionado com fotografia ou imagem em geral. Estava enganado.

Algumas bancas dedicavam-se ou tinham alguns itens este género, ainda que a maioria com peças notóriamente em mau estado.

Mas, ao longe num corredor, vi uma promissora e apressei o passo. E, a meia distância e no meio de tudo o resto, umas letras gravadas gritavam por mim: Pentax.

Era a única peça com este nome, mas exactamente aquela que me faltava: o visor 3D.

Tão em bom estado uma como outra, veio sem caixa original. Mas também veio por um preço absurdamente baixo, mesmo pelos padrões internacionais on-line.

Claro queste este conjunto, interessante do ponto de vista de um colecionador de uma marca, me é completamente inútil. Tendo o meu olho direito cego, a visão 3D é-me inacessível. Mas fica, para além de coleção, para divertir visitas.

Terei agora, claro, que adquirir um ou dois rolos de slides a cores ou positivar em película negativos em preto e branco, mas isso será outra história.

 

Pentax K1 mkII, Tamron SP Adaptall2 90mm 1:2,5


By me

domingo, 4 de maio de 2025

Pudor




Pudor!
É uma palavra que todos conhecem mas da qual raramente nos lembramos. Um destes dias ouvi-a num contexto curioso e fiquei com ela na cabeça.
Era a palavra que me faltava e que melhor descreve alguns dos meus sentimentos.
Tenho pudor em fazer certas fotografias.
Durante 45 anos fiz televisão. Comecei ainda no tempo do preto e branco e da aventura do inicio da cor. Cem por cento, menos umas milésimas de unidade, das imagens por mim captadas, registadas e transmitidas foram de seres humanos.
No estúdio e no exterior, dentro e fora do país, anónimos ilustres e ignóbeis figuras públicas, ou qualquer outra combinação, como entenderem.

Em todas elas, de uma forma mais ou menos explícita, existiu uma cumplicidade no fazer dessas imagens. A câmara estava lá, bem visível, e o cidadão sabe que eu estou lá, o que estou a fazer e para quê. Uns exibem-se e quase que pagam para constar no registo ou transmissão, outros são apanhados ao correr da objectiva, mas nada há de sub-reptício.
Além do mais, mercenário que sou da imagem televisiva, não me sinto eu, enquanto indivíduo, a fazer aquelas imagens. Faço parte de uma equipa, de uma organização. A minha co-responsabilidade na captação e utilização das imagens que faço é limitada. Ainda assim, alguns escrúpulos que tenho tido ao longo dos tempos, têm-me trazido alguns amargos de boca.
Já enquanto fotógrafo a minha atitude tem sido diferente.
Raramente fotografo pessoas desconhecidas ou anónimas. Pelo menos ao ponto de estarem em evidencia no enquadramento ou de serem reconhecíveis.
Os trabalhos que tenho feito a pedido (não gosto do termo profissional) têm sido na área do teatro, da publicidade e da arquitectura, passando ao de leve pela reportagem.
Nestas circunstâncias, as figuras fotografadas fazem parte do evento e querem “ficar no boneco”.
Mas, sendo o Homem aquilo que quero retratar nas minhas imagens pessoais - aquelas que faço para minha satisfação exclusiva -, procuro fazê-lo sem que conste explicitamente delas.
Aquelas imagens de instantâneo – uma expressão, um gesto, um evento – que poderia fazer para meu prazer e deleite, não as faço. Tenho pudor!
Com conhecidos, próximos ou não tanto, sou mais atrevido. A cumplicidade existe, as pessoas em causa sabem o que sou e o que faço e, se bem que possam não “se fazerem à fotografia”, sabem que ela pode acontecer e comportam-se mais ou menos em conformidade.
Agora os estranhos, aqueles que apenas me conhecem de vista ou nem isso, vivem a sua vida ignorantes da possibilidade de eu os poder fotografar. São o que são, sem reservas, acanhamentos ou exibicionismos, alegres, tímidos, carinhosos ou bem pelo contrário, inconscientes que um gesto, uma expressão pode ficar registada para todo o sempre.
Da mesma forma que não espreito ou fotografo para dentro de janelas alheias, também tenho pudor em o fazer quando estão da parte de fora delas.
Esta minha atitude e sentimentos é tanto mais forte quanto mais “frágil” é a pessoa ou situação em causa. As misérias, materiais ou outras, tantas vezes vistas em espaços públicos, estão ali porque não podem estar em qualquer outro local privado.
Os pedintes, vagabundos, sem abrigo, catadores de lixo, para não citar todos, são-no, estão-no e fazem-no não por vontade própria mas como último recurso, muitas vezes já sem pudor algum porque não se podem dar a esse luxo. A seguir a este degrau…
Se eu soubesse, com certezas ou alto grau de probabilidade, que o eu fazer estas imagens iria de alguma forma melhorar-lhes a vida – na auto-estima, na fome, na saúde ou no conforto – esta minha invasão das suas intimidades públicas poderia fazer algum sentido.
Mas eu sei que do meu acto de fotografar nada de diferente lhes acontecerá. Apenas ficarei com mais um troféu de caça na minha galeria que, eventualmente, exibirei dizendo: “Vejam o que eu vi, sintam o que eu senti!”
Poderão dizer os fotojornalistas: “Mas uma das missões nobres do nosso ofício é denunciar as misérias do mundo e tentar com isso melhora-lo!”
É verdade que sim! Tal como eu o faço com a minha câmara de vídeo, que é o meu ofício.
Mas as minhas fotografias não se destinam a nenhuma publicação, de pequena ou grande tiragem. Faço-as porque me dá prazer fazê-las e, raramente, exibi-las, se as entendo como capazes e se me apetecer.
Se, de alguma forma, as imagens que faço e exibo podem melhorar o mundo, não sei, ainda que o tente. Mas prefiro fazê-lo mostrando os objectos, a luz, as atmosferas, as consequências e as causas e não as pessoas em si mesmas, não violando a sua privacidade pública.
Há uma palavra que define o que sinto e que me inibe de fotografar amiúde desconhecidos:

Pudor!

Pentax K7, Sigma 70-300


By me

terça-feira, 29 de abril de 2025

Apagões




Metade do país num apagão gradual, a caminho da escuridão global.
Pentax K1 mkII, SMC Pentax DAL 55-300 1:4-5,8

By me

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Liberdade




Uma das tiranias da sociedade é o nome.
Os pais, ou os padrinhos, atribuem um nome ao recém-nascido e é algo que ele carregará até ao fim dos seus dias.
É certo que os humanos precisam de catalogar o que conhecem. Quer seja por nomes, quer seja por números, querem dar a tudo – objectos, conceitos, universo – uma identidade própria para que, em a isso se referirem, esse vocábulo seja inconfundível.
O nome de cada pessoa, memorizado e impresso até à náusea, fará parte da vida de cada um.
Claro que a escolha do nome de quem chega não é pacífica.
Há culturas que fazem questão que o nome atribuído seja o de um antepassado que não tenha mácula. Outras escolhem o nome por ocorrências ou circunstâncias significativas aquando da concepção ou nascimento. Pais há que procuram um nome que não esteja (ou esteja) na moda. Outros que o nome possa ter um diminutivo (um segundo nome) que seja “fofinho” e agradável de pronunciar. Conheci de perto um idoso que, sendo amiúde convidado para padrinho lá na sua aldeia, escolhia os nomes dos varões da lista de mortos da Grande Guerra, que ia riscando à medida que usava para não se repetir.
No entanto, neste catalogar de crianças, raramente há a preocupação de saber se o nome atribuído é ou será do agrado de quem o possui.
Claro que o bebé terá dificuldade, senão impossibilidade, de se pronunciar. E terá que carregar a escolha de outros para sempre.
No entanto, há culturas que atribuem ao recém-nascido um nome provisório. Ele é mantido até que o seu portador atinja uma idade ou maturidade, convencionada ou reconhecida, para que possa escolher o nome pelo qual passará a ser identificado. A sistematização de arquivos e tratamento de dados opõe-se ferozmente a tal prática, que lhes estraga os livros de assentos e registos, obrigando a correcções e adendas.
O caso mais mediático recente prende-se com identidade de género que o portador tem e na mudança correspondente. E na idade mínima em que tal mudança será possível do ponto de vista legal.
E temos ainda, menos formal mas bem mais popular, as alcunhas. Com base em características físicas ou de comportamento, nem sempre animadas de boas intenções e muitas vezes com alguma perversidade, são sugeridos nomes pelos quais os demais identificam o individuo. Muitas vezes nas suas costas, como se de um insulto escondido se tratasse. E trata.
Tal como há os nomes carinhosos com que o individuo é tratado no seu círculo mais fechado, onde os afectos são mais fortes e positivos e onde este “rebaptizar” é aceite e desejado.
E há ainda aqueles que, por este ou aquele motivo, decidem assumir, mesmo que não legalmente, um outro termo que os identifique. E têm que se bater para tal, por vezes com atitudes menos cordatas.

Eu sou um destes últimos.
Há mais de quarenta anos, e por motivos político-profissionais, insisti em passar a ser tratado por JC. Não será uma adulteração, já que se trata de iniciais de nomes que possuo. E, passados alguns anos e algumas discussões em torno disso, passei a insistir que não usassem pontos a seguir a cada letra.
Tendo conseguido ser tratado por tal vocábulo, este deixou de ser um conjunto de iniciais para passar a ser uma identidade completa, autónoma, fechada.
Apenas nas circunstâncias formais, como registos de identidade, bancos e afins, sou tratado pelo nome que me foi atribuído à nascença.
Que, tal como “não fui ouvido do acto de que nasci” como disse o poeta, me acompanhará como uma sombra.

A vida de cada um, tal como a sua identidade, deverá depender do próprio. Dos seus actos, dos seus sonhos, das suas decisões. O nome incluído.
Liberdade também é isto


By  me

domingo, 27 de abril de 2025

Abril




Celebrar uma revolução é bom. E será tanto melhor para quem a viveu ou cresceu ao som e ensinamentos e aprendizagens de uma revolução.
No entanto, uma revolução que não é alimentada, mantida em movimento, sempre rodando, por vezes quebrando, cedo passa a mera comemoração. Como quem comemora o aniversário ou um dia religioso.
Manter-se em estado revolucionário, sempre contestando o que deve ser contestado e modificando o que pode ser modificado é a melhor forma de comemorar uma revolução.
Todos os dias!
Um conceito político ou filosófico só será útil se servir de ponto de partida para outros conceitos.
Tal como os partidos políticos enquistam, tornando-se conservadores na medida em que aspiram ao poder pelo poder e tudo fazem para tal, mesmo fazendo sérias cedências aos seus princípios de base, também as revoluções, se não se mantiverem em revolução, param e tornam-se conservadoras.
Celebro a revolução de Abril. Tudo o que com ela acabou e tudo o que com ela passámos a ter e ser.
Mas mantenho-me revolucionário a cada dia que passa e na medida do que que posso e sei.
Não há vitórias finais! Há batalhas parcelares, sempre em direcção ao infinito.

By me

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Recomendação




A todos os que hoje celebram a data maior uma recomendação:

Não se limitem a celebrar!

Façam-no com alegria e liberdade mas não deixem que aqueles que o querem extinguir o consigam, mesmo que com falinhas mansas. Mesmo que com discursos inflamados.

A demagogia, o populismo, a agressão ao que é diferente, estão a crescer na teoria e na prática. No café, no autocarro, no trabalho.

Já vivemos isso e foi mau! Muito mau. Se o voltarmos a viver será pior.

Muito pior!


By me